sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O TGV


Daqui:

Artigo de Daniel Deusdado, publicado no caderno de Economia do Expresso de 15 de Junho de 2009.

"TGV, a culpa de Napoleão

Daniel Deusdado

(Expresso, Caderno de Economia, 13 de Junho de 2009, Página n.º 15)

Depois das invasões napoleónicas, três países construíram caminhos-de-ferro com medidas (bitolas) diferentes das de França (e da Europa): Rússia, Espanha e Portugal. É esta tragédia histórica que, em parte, nos faz hoje estar a discutir o TGV.

Construir “auto-estradas” ferroviárias (na Península Ibérica) coincide com a necessidade de nos compatibilizar com a bitola europeia. Espanha tem o maior plano ferroviário da Europa e vai mudar tudo (velhas e novas linhas). Nesse quadro, Portugal, se quer ter acesso a Espanha e à Europa (sobretudo nas mercadorias), também tem de mudar de bitola.

Nas novas linhas, as mercadorias não viajam a 300 km/h (da mesma forma que nas auto-estradas os camiões não circulam a 200). Pretende-se, sim, substituir camiões por um transporte mais limpo e económico. Além disso, os nossos portos podem ter outro potencial se as mercadorias transcontinentais descarregarem em Sines ou Leixões e chegarem ao Centro da Europa sem interrupções de compatibilidade ferroviária.

E os milhões gastos na Linha do Norte? Nem foram totalmente inúteis (a linha lá funciona) nem converteram uma “estrada nacional” centenária numa “auto-estrada para o Alfa". O TGV não poupa meia hora entre Lisboa e Porto – reduz a actual viagem para metade (1h15). E Évora e Leiria estarão a 30 minutos de Lisboa. É produtividade e descentralização. Não interessa? Uma coisa necessária pode não ser urgente. Mas, clarifique-se: é inútil fazer-se o TGV?"

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