Surgiu na passada semana mais uma situação "daquelas"... Como é rico em palhaçada este país.
A Associação Nacional de Farmácias (ANF) implementou uma medida (com a qual digo desde já que acho em tudo benéfica, especialmente para utentes) que consiste na substituição de medicamento de marca prescrito em receita pelo médico pelo equivalente genérico, com o mesmo princípio activo, dosagem e aplicação, mas mais barato, claro.
O Bastonário da Ordem dos Médicos logo veio opôr-se porque a ANF está a ir contra a legislação em vigor. Apresentou também o argumento que, em último caso, o responsável pelos efeitos no doente da medicação prescrita é sempre o médico. Obviamente e concordo. Mas, não sei eu bem porquê, mais tarde veio referir que é uma questão de ética profissional dos médicos considerar e prescrever aos doentes o medicamento mais barato, ou seja, na maioria dos casos, um genérico. Hum... Não percebo. Contradição?
Se os genéricos estão no mercado, foram testados para tal, têm o mesmo princípio activo que os de marca e mesma dosagem e instruções de toma, as indústrias já exploraram por tempo suficiente a sua descoberta, porque não prescrever o genérico como regra se o mesmo está disponível?
Porque aproveitaram as indústrias farmacêuticas, na altura em que puderam explorar o novo medicamento, para gastar dinheiro em viagens e brindes a médicos que prescreviam os medicamentos da sua marca? Porque não visão mais além? Agora estão a queixar-se... Enfim... Esta gente fica cega com muitos milhões e depois vêm com argumentos de sensibilização porque "a saúde é um bem essencial e deve estar acessível a todos". Não podia estar mais de acordo. Mas esse argumento deve servir sempre e não apenas quando lhes é conveniente.
Deixo-vos o relato de uma situação que eu mesma presenciei, numa das minhas felizmente raras idas à farmácia.
Estava na fila para ser atendida na farmácia ao pé de minha casa e a farmacêutica tentava por tudo encontrar o genérico que a senhora idosa e com doença crónica precisava. Estava esgotado. E não sabiam quando iriam ter. Aquela pobre senhora (que me deu uma pena brutal) não tinha dinheiro para comprar o medicamento de marca equivalente ao genérico em falta. Eram cerca de 3€ e tal... E a senhora ia parar a medicação que ela tinha mesmo que tomar porque não podia pagar. Digo-vos... Nunca gastei dinheiro tão bem gasto como naquele dia. Para mim, era menos do que o que gasto numa saída para tomar café com amigos muitas vezes. E para aquela mulher fazia toda a diferença.
Citando uma amiga: "Tenho vergonha de viver num sítio onde coisas como estas acontecem".
Onde existe uma discrepância tão grande entre uns terem/andarem com excelentes casas e carros, a governarem-se muitas vezes à custa de ilegalidades e outros, por outro lado, não conseguem pagar a alimentação ou medicamentos... Por mais baratos que estes possam parecer-nos a nós.
A Associação Nacional de Farmácias (ANF) implementou uma medida (com a qual digo desde já que acho em tudo benéfica, especialmente para utentes) que consiste na substituição de medicamento de marca prescrito em receita pelo médico pelo equivalente genérico, com o mesmo princípio activo, dosagem e aplicação, mas mais barato, claro.
Posso imaginar como se sentirão os farmacêuticos quando vêem chegar à sua farmácia doentes que decidem não levar a medicação ou a sua totalidade porque não têm dinheiro para pagar os medicamentos de marca, existindo a alternativa de medicamentos genéricos disponível e mais acessível.
«Existem já cerca de 230 mil doentes portugueses que foram forçados, devido à crise económica, a abdicar da terapêutica recomendada. São doentes que desistem de levar para casa um ou mais medicamentos receitados porque não têm dinheiro para os adquirir», disse o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), João Cordeiro, que esta terça-feira tomou posse.
O mesmo responsável alertou que muitas pessoas com doenças crónicas deixaram de adquirir com regularidade os medicamentos que precisam e outros apenas mantêm os seus tratamentos porque as farmácias lhes «concedem crédito».
O mesmo responsável alertou que muitas pessoas com doenças crónicas deixaram de adquirir com regularidade os medicamentos que precisam e outros apenas mantêm os seus tratamentos porque as farmácias lhes «concedem crédito».
O Bastonário da Ordem dos Médicos logo veio opôr-se porque a ANF está a ir contra a legislação em vigor. Apresentou também o argumento que, em último caso, o responsável pelos efeitos no doente da medicação prescrita é sempre o médico. Obviamente e concordo. Mas, não sei eu bem porquê, mais tarde veio referir que é uma questão de ética profissional dos médicos considerar e prescrever aos doentes o medicamento mais barato, ou seja, na maioria dos casos, um genérico. Hum... Não percebo. Contradição?
Se os genéricos estão no mercado, foram testados para tal, têm o mesmo princípio activo que os de marca e mesma dosagem e instruções de toma, as indústrias já exploraram por tempo suficiente a sua descoberta, porque não prescrever o genérico como regra se o mesmo está disponível?
Porque aproveitaram as indústrias farmacêuticas, na altura em que puderam explorar o novo medicamento, para gastar dinheiro em viagens e brindes a médicos que prescreviam os medicamentos da sua marca? Porque não visão mais além? Agora estão a queixar-se... Enfim... Esta gente fica cega com muitos milhões e depois vêm com argumentos de sensibilização porque "a saúde é um bem essencial e deve estar acessível a todos". Não podia estar mais de acordo. Mas esse argumento deve servir sempre e não apenas quando lhes é conveniente.
Deixo-vos o relato de uma situação que eu mesma presenciei, numa das minhas felizmente raras idas à farmácia.
Estava na fila para ser atendida na farmácia ao pé de minha casa e a farmacêutica tentava por tudo encontrar o genérico que a senhora idosa e com doença crónica precisava. Estava esgotado. E não sabiam quando iriam ter. Aquela pobre senhora (que me deu uma pena brutal) não tinha dinheiro para comprar o medicamento de marca equivalente ao genérico em falta. Eram cerca de 3€ e tal... E a senhora ia parar a medicação que ela tinha mesmo que tomar porque não podia pagar. Digo-vos... Nunca gastei dinheiro tão bem gasto como naquele dia. Para mim, era menos do que o que gasto numa saída para tomar café com amigos muitas vezes. E para aquela mulher fazia toda a diferença.
Citando uma amiga: "Tenho vergonha de viver num sítio onde coisas como estas acontecem".
Onde existe uma discrepância tão grande entre uns terem/andarem com excelentes casas e carros, a governarem-se muitas vezes à custa de ilegalidades e outros, por outro lado, não conseguem pagar a alimentação ou medicamentos... Por mais baratos que estes possam parecer-nos a nós.
A ANF participou da Ordem dos Médicos à Autoridade da Concorrência mas já todos estamos a ver no que vai dar, certo?...
Já agora, leiam também os comentários desta notícia que mostra opiniões de alguns leitores que vêem o outro lado da questão da medida por parte da ANF.
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