quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Totalmente de acordo!


Subscrevo palavra por palavra. E ainda assino por baixo.

Leiam por completo aqui. Garanto que vale a pena.

"No referendo do aborto eu, como todos os eleitores, tinha uma decisão difícil a tomar sobre como deve ser considerado um feto até às 14 semanas: é vida? É uma pessoa humana? É apenas uma possibilidade? É parte da mãe? É alguma dessas coisas mas deve, dentro de certos limites, ser entendido no contexto da saúde pública e da situação social que leva ao aborto? etc. Uma vez que havia uma assimetria básica entre o eleitor, a mulher grávida e o feto, convocou-se o eleitorado a decidir. E o eleitorado, com milhões de razões diferentes, decidiu.

Agora, o que temos? Duas pessoas livres e adultas, que presumivelmente se amam, e que desejam casar. Por que raio vou eu decidir? Por que terei eu de decidir? Serão aquelas pessoas menos do que eu? Terei eu tutela sobre eles?

Nunca ninguém me veio pedir conselho antes de casar; e ainda bem, porque eu nunca o daria. E recuso-me a ser conselheiro matrimonial de gente que não conheço, e a quem desejo apenas que sejam felizes, casados se assim o entenderem, sem a minha opinião ou a opinião do dr. Ribeiro e Castro. Qualquer voto sobre isto seria sempre um voto sobre negar a certos cidadãos direitos de que a maioria usufrui.

Só vejo uma forma de votar sobre este assunto de forma universal e abstracta. Endosso esta alternativa de compromisso aos adeptos do referendo, na esperança de que lhes possa ser útil.

A única forma de votar sem discriminar é levar a referendo o casamento. Não o casamento gay, mas o casamento em geral. Se o dr. Ribeiro e Castro acha que deve votar sobre o casamento dos outros, certamente não se importará que os outros votem sobre o seu casamento. Os adversários da igualdade no casamento têm opinião sobre o casamento dos outros, e querem ser a eles a decidir; por uma questão de equidade, não podem recusar que outros decidam sobre o casamento deles.

Se quiserem referendar o casamento de todos os cidadãos, homossexuais ou não, terão finalmente um argumento logicamente inatacável. Casamento: abolir ou não? Francamente, pergunto-me qual seria o resultado."

Rui Tavares in Público

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