sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Muito interessante!


Esta opinião pessoal de alguém que conheceu e esteve perto de Fernando Lima, só vem confirmar a minha ideia de que ele não iria obviamente agir por conta própria... Amigo de há 20 anos de Cavaco Silva, ao serviço dele e o PR não ia saber disto?!

Justifica obviamente o facto de ele não ter sido demitido, como foi noticiado. Lá está Fernando Lima, com funções em Assuntos Políticos. Ora, não iria ser ele o único sacrificado não sendo o único responsável pela história. Ainda podia ir à comunicação social mas agora em nome próprio e dizer tudo o que sabe...

Assim, fica com outro tacho, ficam todos felizes e nós a assistir a toda esta merda.



"
O Governo do país após as escutas


Texto publicado na edição do Expresso de 25 de Setembro de 2009

É claro que não é indiferente saber se o Presidente da República deu ou não luz verde ao seu homem de confiança desde há 20 anos para passar uma informação ao jornal "Público", a de que a Presidência suspeitava estar a ser vigiada pelos serviços secretos a favor do Governo. Eu, que tive em Fernando Lima o meu primeiro chefe quando entrei no jornalismo, ponho as mãos no fogo: ele nunca daria um passo destes, num assunto extremamente sensível, sem a aquiescência, ou pelo menos o conhecimento de Cavaco Silva. Só quem não conhece Lima pode supor outra possibilidade.

O que qualquer cidadão percebe é que Cavaco se envolveu num jogo perigoso, que se saiu mal e que isso vai condicionar toda a sua actuação a partir de agora. Já vamos ter de viver com um governo de minoria a partir de Setembro. Só nos faltava ter também um Presidente fragilizado. E é isso que vai acontecer, num quadro político em que, tudo o indica, o Presidente será obrigado a ter um papel mais interventivo, patrocinando consensos partidários para a tomada de certo tipo de decisões importantes para que o país não fique bloqueado.

O mal, contudo, está feito. As relações com José Sócrates estão definitivamente envenenadas. Se o PS ganhar as eleições, como será a convivência entre os dois homens no próximo ano e meio? Que frontalidade e transparência haverá nessas relações? Nenhuma. E é esse péssimo exemplo que está a ser passado para toda a sociedade.

O país precisa de estabilidade governativa e de um Presidente da República acima de toda a suspeita. E neste momento o que se perspectiva é um Governo que não dure a legislatura e um Presidente que, se for o PS a ganhar, estará interessado em contribuir para esse objectivo.
Neste quadro, quem é que pode esperar do novo Governo políticas estáveis e credíveis? Quem é que pode esperar que o investimento, nacional e estrangeiro, cresça significativamente? Ou que o país tenha condições para renegociar o que quer que seja em Bruxelas?

Manifestamente, vamos perder mais 18 meses na nossa vida.

Nicolau Santos"

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